Tuesday, December 26, 2006

(revista 10 paezinhos Fábio Moon)


Um dia, vc encontrará uma pessoa que ainda não conhece. Talvez você esteja junto a alguns amigos, talvez esteja sozinho, não importa. O que importa é essa nova pessoa que você vê, que lhe atraí e que lhe faz pensar se ela está tambem pensando em vc.
O dia está bonito você está se sentindo bem, mas provavelmente você não vai lá conversar com sua nova pessoa estranha, pois o dia revela em demasia, nos expõe e nos fragiliza. Durante o dia, somos nós mesmos e isso nos assusta.
Quando a noite chega, tudo muda de figura e você busca novamente essa pessoa, estranha à sua memória, mas familiar aos seus sentidos, à noite todos nós nos tornamos estranhos e queremos ser descobertos. Somos livros escritos todos os dias à espera de alguém que nos leia pela primeira vez . Todo mundo procura uma pessoa que seja uma nova história.
Uma noite você vai encontrar a sua.

Saturday, December 9, 2006

Friday, December 1, 2006

Aritmetica (Fernanda Young)


Não posso mais roer os nervos enquanto as horas passam e você não aparece. Preciso me poupar. Não pretendo mais sofrer, depois, quando você sumir de vez. Sofrer por amor é pura vaidade. Vou olhar para retratos meus e, de novo, sentirei orgulho de mim. Fotos minhas antes de você. Quando eu ainda não tinha provado desse seu veneno vicioso. Da saliva que se fez heroína. Do cheiro que se fez lança-perfume. Deveria ter uma tabela antipaixão como as que fizeram para os tabagistas. Marcaríamos um xis nas vezes em que pensássemos no outro. Assumindo assim nossa fraqueza. Contando as horas em que fôssemos capazes de esquecer. Poucas, no meu caso, já que tudo me lembra você. E de noite as coisas pioram. Mas quero, e posso, vencer essa semana. Sobreviver à abstinência de você por sete dias. Ao éter da mentira, que deixou-nos malucas e cegas. Estávamos correndo descalças entre os destroços da cidade grande. Seremos crianças? Seremos julgadas como adultas. Sendo a culpa toda sua, que acreditou no ar que respirava. No sujo. Na inveja. Perdemos tudo na paisagem desolada dessa cidade. Cidade feia. E, no feio, nos perdemos. Ou me perdi. Sozinha. Para depois ficar aqui, sentado no meio-fio.
Eu? Eu não sou somente boa. Sou uma pessoa muito bonita. Generosa e linda – e quem agüentar, agüentou. Como prêmio, terá meu amor. Saberá da minha verdade. Dará boas gargalhadas. Mas terá que suportar uma boa dose daquilo que sinto. Pois, apesar de tudo ser diversão, nada é simples. Nada é pouco quando o mundo é o meu. No meu mundo, eu não sei onde andam aqueles, “os melhores”, que bebem bons vinhos e saboreiam trufas. Queria saber se eles sentem, vagamente, pode ser vagamente mesmo, uma pontinha de nojo, ou de tristeza, porque vivem intensamente a baboseira dos vinhos e trufas, sem pensar em mim, nem querer estar comigo, nem com qualquer outra pessoa que não entenda picas de vinhos e tenha mais o que fazer do que pagar fortunas por lascas de fungo.Por que você me deixou? Por que foi tão fácil?

Outro trecho .....